/Apresentação (Analista Japonês)

Essa seção traz comentários sobre a atualidade do movimento psicanalítico no Brasil e no mundo, como o que segue:

Analista Japonês

Jorge Forbes

Houve um tempo, já bem passado, que lacanianos, membros da AMP (Associação Mundial de Psicanálise), e os membros da IPA (Associação Internacional de Psicanálise) não se bicavam muito. Os segundos se aferravam na dinastia direta de Freud para atacar os primeiros, chamando-os de bastardos, impuros. Esses primeiros, assegurados pela firmeza da teoria e da clínica de Lacan, repetiam o que Lacan havia dito da IPA: não passa de uma “SAMCDA: Sociedade de Ajuda Mútua Contra o Discurso Analítico”. E assim foram alguns anos de desacordo declarado. O gelo começou a ser quebrado através de uma entrevista conjunta dos dois presidentes, à época, da AMP e da IPA, Jacques-Alain Miller e Horácio Etchegoyen, para uma revista psiquiátrica argentina, Vertex. Meses depois, em julho de 1997, Jacques-Alain Miller e eu fomos, não sem percalços, admitidos na assistência do 40o Congresso Internacional da IPA, realizado em Barcelona. De lá para cá, os contatos e intercâmbios só têm aumentado. Os três principais temas de debate conjunto até o momento foram o confronto da psiquiatria biológica com a psicanálise, a sociedade civil e a eficácia da psicanálise, e a clínica que hoje se pratica. Todos, psicanalistas e psicanálise, só podem ganhar nestas discussões.

O engraçado é a insistência de retardatários que não foram avisados ou não querem saber que a guerra acabou. Fecham-se em seus pequenos “bunkers”, desprezando o outro lado. Parecem com aquele japonês que passados mais de vinte anos do tratado de paz, ainda caçava solitário, com uma relíquia de rifle nas mãos, um inimigo perdido na selva. Militantes obsoletos.