/Comentário de Beth Almeida – A Conversação de São Bento – 2007

Elizabeth Almeida

Comentário sobre a Conversação de São Bento do Sapucaí: Psicopatologia da vida cotidiana (6 a 9 de dezembro de 2007)

Mais uma vez… fui pra São Bento, e não voltei.
Não voltei porque lá ficou um pedaço de mim. Pedaço que se separou de mim sob a forma de um saber que caiu por lá, de um estar na psicanálise que se transformou lá, de um jeito de estar no mundo que se alterou lá.
E eu volto assim… sem um pedaço de mim,
Saudades… de São Bento sim, daquele pedaço não.
Entrego-o à chuva mansinha que caía quando eu lá cheguei, e quando de lá eu
saía. Que o leve… não me pertence mais.
Trago muita coisa de lá.
Nos olhos, as marcas da beleza intensa, a força da pedra do Baú, um chão de
estrelas depois de uma cavalgada.
Nos ouvidos, as intervenções precisas de Jorge Forbes, incansável, atento, precioso. As intervenções de Mayana Zatz, de uma sensibilidade ímpar, frutos de um “bom encontro”. O contraponto de Diana Paulozky cuja escuta atenta e generosa, nos permitiu avançar.
No coração, o afeto compartilhado com cada um que lá esteve, o riso, a dança, o brilho no olhar, a experiência da amizade vivida como suporte ao trabalho “duro”.
No corpo, as marcas de tudo isso.
No dia a dia, o compromisso renovado, o exercício de honrar o que recebo.
Invoco “São Bento”… rememoro as montanhas que choram… recupero o efeito sobre mim dos talentos de cada colega, de cada amigo… e me reinvento.