/Gilles Lipovetsky, entre amigos, no IPLA

Comentário de Teresa Genesini

Na noite de 20 de agosto de 2008, Gilles Lipovetsky, falou sobre A Felicidade Paradoxal, tema de um de seus últimos livros, para o auditório lotado do IPLA. Filósofos, estilistas, críticos literários, estavam entre os amigos que assistiram à sua instigante exposição.
A tradução de Jorge Forbes foi um show de interpretação – a presença do analista transforma a cena.

Algumas frases que sintetizam a fala de Lipovetsky:

“Exemplo de paradoxo: Os corpos são livres, mas a miséria sexual se mantém”.

“Existe uma espécie de fragilidade – a felicidade aparece quando ela quer e não quando a queremos”.

“Felicidade é aquilo que eu não tenho, é aquilo que eu não dirijo”.

“A sociedade hipermoderna não deve ser destituída; ao menos ela tem uma virtude: legitimou aquilo que as tradições milenares se esforçam para mostrar”.

“É necessário que a gente invente uma pedagogia das paixões – oferecer alvos às pessoas, objetivos capazes de mobilizar suas paixões em outro lugar que não seja o universo das marcas e do consumo. Outros desejos, outros centros de interesse – esportes, música, dança, arte, um empreendimento, outras paixões”.

“Temos que inventar novos modelos de educação e de trabalho, que permitam às pessoas encontrar um modelo pessoal, que não seja regido pelo consenso em paradoxos de consumo”.

“A felicidade ocorre por acaso. Não pode ser um alvo, uma regra para se chegar a um lugar, uma ação premeditada”.

“Há soluções técnicas para melhorar a qualidade de vida, mas, para a felicidade, não há solução”.

“Quando a gente está feliz tudo fica leve – a vida fica mais leve. Porém, é o peso da existência que ganha da leveza, da felicidade”.

Jorge Forbes finaliza:
“Em Psicanálise, a felicidade é diretamente ligada ao encontro. Podemos, então, sair do paradoxo, porque finalmente aí, somos outra coisa.
A felicidade jamais é um merecimento, mas é um encontro de paixão. O grande problema em psicanálise é sustentar esse encontro”.

Depois de noventa minutos de palestra, o público continuava fazendo perguntas e dialogando com o filósofo. ” Essa discussão tem que continuar ” – era o pedido da maioria dos presentes. Uma grande noite para o IPLA e seus amigos.